Olá caros leitores,
Vocês já se perguntaram
se os diagnósticos dados por psiquiatras representam, de fato, a realidade do
indivíduo? Por exemplo, se te dão um diagnóstico de esquizofrenia, você
acreditaria imediatamente? É esse o tema que irei discutir nessa postagem. A
validade dos diagnósticos psiquiátricos e suas consequências para o ramo da
psiquiatria e para o avanço da ciência.
David Rosenhan
Diagnósticos
precipitados e intervenções médicas “desnecessárias”. É basicamente sobre isso
que trata o capítulo 3 (Sobre ser sãos em lugares insanos) do texto “mente e cérebro” de Slater. Ele retrata,
primeiramente, um experimento muito interessante realizado por Rosenhan no
início dos anos 1970. “David Rosenhan decidiu testar quanto os psiquiatras eram
capazes de diferenciar os “sãos” dos “insanos”“. Slater, L.(2004). Isto é, ele
teve por objetivo observar até que ponto iam os diagnótiscos feitos por tais
profissionais. Basicamente, ele recrutou oito amigos e deu instruções a eles
para que fossem a uma clínica psiquiátrica dizendo ouvir uma voz que falasse
“Tum”, sintoma até então desconhecido no arquivo psiquiátrico da época, e
depois que agissem normalmente. O resultado foi surpreendente. Todos os oitos,
e inclusive Rosenham, receberam um diagnóstico de determinados transtornos
mentais e foram internados por um período que varia de 9 a 51 dias. Incrível,
não? Isso porque disseram ouvir uma voz falar “Tum”. Tum!
Tal experimento causou muita controvérsia entre
os profissionais da área. E até recebeu muitas críticas. Darei então, minha
opinião. Acredito que, de fato, existe, ainda hoje, determinado déficit e
precipitação na análise mental feita por psiquiatras. No entanto, vejamos bem.
Muitos defendem que apenas o cérebro é capaz de determinar a causa e a explicação
para distúrbios psicológicos em detrimento dos aspectos contextuais e mentais
do indivíduo. Apesar de criticar os diagnósticos, minha linha de raciocínio
distorce demasiadamente de tais considerações. Acredito que o problema consiste
no modo como são avaliados os supostos sintomas descritos pelos pacientes. Por
exemplo, quando a autora do texto replicou o experimento, ela relatou que nada
mais fizeram do que questionar sua formação religiosa e cultural em uma
entrevista com duração em torno de 10 minutos. Como descrever um estado mental
de um indivíduo desconhecido em 10 minutos com simples perguntas? Ai é que
está! Em muitas clínicas, atualmente, o processo é o mesmo, isto é, não são
feitos testes psicológicos e/ou mentais, e pesquisas mais profundas sobre o
contexto no qual a pessoa foi inserida, que possam, de fato, dar uma base para
a construção do diagnóstico.
Um ponto interessante destacado na obra é que, em
muitos os casos, como o do experimento de Rosenhan, não existe uma base teórica
nos “livros” e nos acervos do ramo de psiquiatria que possam auxiliar na
constituição do diagnóstico, apenas classificações de sintomas. Portanto,
muitos profissionais não aceitam dizer que não sabem do que se trata, ou até
mesmo especulam, por conta própria, qual pode ser o transtorno que o indivíduo
apresenta, se é que ele de fato existe. E muitas vezes, seguem rótulos
pré-determinados pela sociedade, de modo que é possível moldar a personalidade
e o comportamento de tais indivíduos. É
por isso que a autora chega a tal conclusão, a qual eu concordo.
“Será
que o rótulo de loucura gerou loucura, de maneira que o diagnóstico esculpe o
cérebro, e não o contrário? Talvez nossos cérebros não nos façam. Talvez, nós
façamos nossos cérebros. Talvez sejamos feitos pelas etiquetas afixadas à nossa
carne”. Slater, L.(2004)
Talvez por isso,
em consideração à autora, o aumento das pesquisas fisiológicas e biológicas,
com o intuito de descobrir causas com base em lesões cerebrais, tenham
aumentado significativamente como uma resposta às conclusões feitas a partir do
experimento de Rosenhan. Com base nisso, acho digno o interesse em avaliar
todas as possibilidades que possam vir a ajudar na explicação dos distúrbios
mentais. No entanto, não acho digno o "abandono" da confiança no
contexto como determinante na descoberta das reais explicações de tais
transtornos.
A partir disso, deixo-lhes um pensamento: Será que, de fato, a mente é tão poderosa a ponto de comandar um indivíduo? Qual seu posicionamento sobre isso? Além disso, será possível invertermos a ordem e dominarmos nossa própria mente? Deixe seu comentário.
Abaixo segue um pequeno vídeo que, embora seja em inglês, demonstra um pouco o experimento de Rosenhan.
Fonte: Youtube
Até a próxima postagem!
Data da Postagem: 24/09/13
Referência: Slater, L.(2004) mente
e cérebro. Rio de Janeiro: Ediouro

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