terça-feira, 24 de setembro de 2013

Psiquiatria falha ou válida? Eis a questão!


Olá caros leitores,
Vocês já se perguntaram se os diagnósticos dados por psiquiatras representam, de fato, a realidade do indivíduo? Por exemplo, se te dão um diagnóstico de esquizofrenia, você acreditaria imediatamente? É esse o tema que irei discutir nessa postagem. A validade dos diagnósticos psiquiátricos e suas consequências para o ramo da psiquiatria e para o avanço da ciência.

David Rosenhan

Diagnósticos precipitados e intervenções médicas “desnecessárias”. É basicamente sobre isso que trata o capítulo 3 (Sobre ser sãos em lugares insanos) do texto “mente e cérebro” de Slater. Ele retrata, primeiramente, um experimento muito interessante realizado por Rosenhan no início dos anos 1970. “David Rosenhan decidiu testar quanto os psiquiatras eram capazes de diferenciar os “sãos” dos “insanos”“. Slater, L.(2004). Isto é, ele teve por objetivo observar até que ponto iam os diagnótiscos feitos por tais profissionais. Basicamente, ele recrutou oito amigos e deu instruções a eles para que fossem a uma clínica psiquiátrica dizendo ouvir uma voz que falasse “Tum”, sintoma até então desconhecido no arquivo psiquiátrico da época, e depois que agissem normalmente. O resultado foi surpreendente. Todos os oitos, e inclusive Rosenham, receberam um diagnóstico de determinados transtornos mentais e foram internados por um período que varia de 9 a 51 dias. Incrível, não? Isso porque disseram ouvir uma voz falar “Tum”. Tum!
Tal experimento causou muita controvérsia entre os profissionais da área. E até recebeu muitas críticas. Darei então, minha opinião. Acredito que, de fato, existe, ainda hoje, determinado déficit e precipitação na análise mental feita por psiquiatras. No entanto, vejamos bem. Muitos defendem que apenas o cérebro é capaz de determinar a causa e a explicação para distúrbios psicológicos em detrimento dos aspectos contextuais e mentais do indivíduo. Apesar de criticar os diagnósticos, minha linha de raciocínio distorce demasiadamente de tais considerações. Acredito que o problema consiste no modo como são avaliados os supostos sintomas descritos pelos pacientes. Por exemplo, quando a autora do texto replicou o experimento, ela relatou que nada mais fizeram do que questionar sua formação religiosa e cultural em uma entrevista com duração em torno de 10 minutos. Como descrever um estado mental de um indivíduo desconhecido em 10 minutos com simples perguntas? Ai é que está! Em muitas clínicas, atualmente, o processo é o mesmo, isto é, não são feitos testes psicológicos e/ou mentais, e pesquisas mais profundas sobre o contexto no qual a pessoa foi inserida, que possam, de fato, dar uma base para a construção do diagnóstico.
Um ponto interessante destacado na obra é que, em muitos os casos, como o do experimento de Rosenhan, não existe uma base teórica nos “livros” e nos acervos do ramo de psiquiatria que possam auxiliar na constituição do diagnóstico, apenas classificações de sintomas. Portanto, muitos profissionais não aceitam dizer que não sabem do que se trata, ou até mesmo especulam, por conta própria, qual pode ser o transtorno que o indivíduo apresenta, se é que ele de fato existe. E muitas vezes, seguem rótulos pré-determinados pela sociedade, de modo que é possível moldar a personalidade e o comportamento de tais indivíduos.  É por isso que a autora chega a tal conclusão, a qual eu concordo.

“Será que o rótulo de loucura gerou loucura, de maneira que o diagnóstico esculpe o cérebro, e não o contrário? Talvez nossos cérebros não nos façam. Talvez, nós façamos nossos cérebros. Talvez sejamos feitos pelas etiquetas afixadas à nossa carne”. Slater, L.(2004)

Talvez por isso, em consideração à autora, o aumento das pesquisas fisiológicas e biológicas, com o intuito de descobrir causas com base em lesões cerebrais, tenham aumentado significativamente como uma resposta às conclusões feitas a partir do experimento de Rosenhan. Com base nisso, acho digno o interesse em avaliar todas as possibilidades que possam vir a ajudar na explicação dos distúrbios mentais. No entanto, não acho digno o "abandono" da confiança no contexto como determinante na descoberta das reais explicações de tais transtornos.

         A partir disso, deixo-lhes um pensamento: Será que, de fato, a mente é tão poderosa a ponto de comandar um indivíduo? Qual seu posicionamento sobre isso? Além disso, será possível invertermos a ordem e dominarmos nossa própria mente? Deixe seu comentário.
Abaixo segue um pequeno vídeo que, embora seja em inglês, demonstra um pouco o experimento de Rosenhan.

                                     
Fonte: Youtube

Até a próxima postagem!


Data da Postagem: 24/09/13

Referência: Slater, L.(2004) mente e cérebro. Rio de Janeiro: Ediouro

Nenhum comentário:

Postar um comentário