segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Estímulo - Resposta


Olá caros leitores,
Hoje a postagem irá abordar um assunto relacionado às drogas. Mais especificamente, relacionado às explicações sobre como se determinam certos comportamentos por estímulos extrínsecos e intrínsecos ao indivíduo, e alheios ou não à sua vontade. Além disso, será discutida a importância de tratamentos antidrogas que utilizam tais princípios.

                             Fonte: Google

            O condicionamento pavloviano. É sobre tal tema que se trata o texto Drug tolerance, drug addiction, and drug anticipation” De Siegel, S. Basicamente, a obra aborda aspectos relacionados ao uso de drogas, como os efeitos da mesma quando associados ao condicionamento. Primeiramente, o que vem a ser esse tal condicionamento? Este é um termo que foi muito estudado por Ivan Pavlov (Daí o nome pavloviano) e que significa uma associação entre eventos e ações, baseado em um princípio de estímulo-resposta. Para facilitar o entendimento, irei explicar de acordo com o texto. Segundo Siegel, o comportamento de determinado indivíduo por conta do efeito das drogas, pode se dar através de estímulos. Estímulos condicionados e incondicionados. Os estímulos condicionados são aqueles aprendidos, isto é, são pistas de determinado ambiente que associados, intrinsecamente, às drogas, provocam reações semelhantes às reações de quando a droga é, de fato, consumida. Confuso, não? Tomemos a seringa como exemplo de um estímulo condicionado. Para um dependente de tais substâncias, é possível que a seringa provoque reações no organismo deste indivíduo, mesmo que ele não tenha, literalmente, consumido a droga. Isso ocorre devido à associação que é feita pelo viciado, ao longo do consumo da droga, entre a seringa e o uso da droga. Portanto, é um estímulo “aprendido”. Em contraposição, Siegel cita os estímulos incondicionados (não-aprendido), ou seja, os estímulos involuntários, que, no caso, é o próprio efeito da droga no organismo.
            A partir de tais considerações, o condicionamento pavloviano defende a ideia de que para cada estímulo existe uma respectiva resposta (condicionada e incondicionada). No caso estudado, tais respostas servem como amenizadoras dos efeitos negativos das substâncias. A resposta incondicionada, como representado na figura, é origem do estímulo incondicionado. No entanto, a resposta compensatória condicionada é um “reflexo” da associação entre os dois tipos de estímulos. “Estas respostas compensatórias condicionadas medeiam o desenvolvimento da tolerância por contrabalancearem o efeito das drogas” (Siegel, S. 2005).
            Diante de tais fatos, foi feito um teste pra avaliar a influência do ambiente e do contexto sobre a tolerância às drogas (diminuição gradativa do efeito). De acordo com o esquema abaixo, é possível perceber que, inicialmente, foi administrada a droga em determinado organismo em um determinado ambiente A, em fase de desenvolvimento da tolerância. No teste, a droga foi novamente aplicada no ambiente A, a uma taxa muito maior, e, além disso, foi aplicada em um segundo ambiente B. A conclusão foi a seguinte: No ambiente A, as respostas compensatórias condicionadas amenizaram o efeito da droga e houve, então, a tolerância. No ambiente B, ocorreu o contrário, isto é, não houve tolerância aos efeitos da droga.
             
          
Fonte: Texto Drug tolerance, drug addiction, and drug anticipation

Com o intuito de explicar tal fenômeno, irei citar um exemplo. Imagine um determinado funcionário que, as sextas e aos sábados, se encontre com um grupo de amigos na casa de um deles, e faça uso de uma alta dose de drogas ilícitas. Seguramente, o ambiente no qual o indivíduo está inserido, junto a outros fatores/estímulos condicionados são responsáveis pela “boa” situação deste. Agora imagine que este mesmo rapaz seja convidado para ir à igreja com sua família e, no meio da missa, sentindo necessidade de consumir a mesma quantidade de droga antes consumida, vai para um local isolado para assim fazer uso dela. Será que o efeito é o mesmo?  Não! E é isso que tal modelo explica. O efeito no local isolado não será o mesmo, será pior. Isso ocorre devido ao fato de que o indivíduo não se encontrava no ambiente associado ao uso de drogas, onde não havia pistas, como a presença dos amigos e outras. Tecnicamente falando, a falta de estímulos condicionados resultou na maximização do efeito da droga, e consequentemente, não houve a tolerância.
            Tal fenômeno é importante para que haja uma melhor compreensão sobre os outros temas abordados nas outras postagens. O contexto como influência direta no comportamento do ser humano. Acredito que, de fato, o ambiente, o contexto, experiências passadas, pensamentos, ideias e percepções exercem tamanho impacto sobre as ações dos indivíduos. No que tange o texto, tal estudo é utilizado, justamente, no tratamento do vício de drogas, isto é, a própria mente humana junto aos fatores contextuais é utilizada para combater a dependência. Isso comprova, mais uma vez, o poder da mente e a enorme influência dos aspectos contextuais na vida do ser humano.
            De fato, a nossa mente e o mundo que nos rodeia são pontos intrigantes. Às vezes, é difícil refletir sobre isso. Mas considerando o que foi apresentado, você acredita que é possível o ser humano ter total autocontrole sobre si mesmo, e ignorar todos esses “estímulos”? Por exemplo: “Eu irei fazer uso de drogas ilícitas em ambientes variados e não sentirei nada demais”. Será que é possível? Se sim, seria isso uma “tremenda” evolução da espécie humana ou seria algo “normal”? Deixe seu comentário!
Até a próxima postagem!

Data de postagem: 08/10/13

Referência: SiegelS. (2005). Drug tolerance, drug addiction, and drug anticipationCurrent Directions in Psychological Science, 14, 296-300.

Nenhum comentário:

Postar um comentário