Olá caros leitores,
Hoje a postagem irá abordar um assunto
relacionado às drogas. Mais especificamente, relacionado às explicações sobre como
se determinam certos comportamentos por estímulos extrínsecos e intrínsecos ao
indivíduo, e alheios ou não à sua vontade. Além disso, será discutida a
importância de tratamentos antidrogas que utilizam tais princípios.
Fonte: Google
O
condicionamento pavloviano. É
sobre tal tema que se trata o texto “Drug tolerance, drug
addiction, and drug anticipation” De Siegel, S. Basicamente, a obra
aborda aspectos relacionados ao uso de drogas, como os efeitos da mesma quando
associados ao condicionamento. Primeiramente, o que vem a ser esse tal
condicionamento? Este é um termo que foi muito estudado por Ivan Pavlov (Daí o
nome pavloviano) e que significa uma associação entre eventos e ações, baseado
em um princípio de estímulo-resposta. Para facilitar o entendimento, irei
explicar de acordo com o texto. Segundo Siegel, o comportamento de determinado
indivíduo por conta do efeito das drogas, pode se dar através de estímulos.
Estímulos condicionados e incondicionados. Os estímulos condicionados são
aqueles aprendidos, isto é, são pistas de determinado ambiente que associados, intrinsecamente,
às drogas, provocam reações semelhantes às reações de quando a droga é, de
fato, consumida. Confuso, não? Tomemos a seringa como exemplo de um estímulo
condicionado. Para um dependente de tais substâncias, é possível que a seringa
provoque reações no organismo deste indivíduo, mesmo que ele não tenha,
literalmente, consumido a droga. Isso ocorre devido à associação que é feita
pelo viciado, ao longo do consumo da droga, entre a seringa e o uso da droga.
Portanto, é um estímulo “aprendido”. Em contraposição, Siegel cita os estímulos
incondicionados (não-aprendido), ou seja, os estímulos involuntários, que, no
caso, é o próprio efeito da droga no organismo.
A partir de
tais considerações, o condicionamento pavloviano defende a ideia de que para
cada estímulo existe uma respectiva resposta (condicionada e incondicionada). No
caso estudado, tais respostas servem como amenizadoras dos efeitos negativos
das substâncias. A resposta incondicionada, como representado na figura, é
origem do estímulo incondicionado. No entanto, a resposta compensatória
condicionada é um “reflexo” da associação entre os dois tipos de estímulos. “Estas
respostas compensatórias condicionadas medeiam o desenvolvimento da tolerância
por contrabalancearem o efeito das drogas” (Siegel, S. 2005).
Diante de
tais fatos, foi feito um teste pra avaliar a influência do ambiente e do contexto
sobre a tolerância às drogas (diminuição gradativa do efeito). De acordo com o
esquema abaixo, é possível perceber que, inicialmente, foi administrada a droga
em determinado organismo em um determinado ambiente A, em fase de
desenvolvimento da tolerância. No teste, a droga foi novamente aplicada no
ambiente A, a uma taxa muito maior, e, além disso, foi aplicada em um segundo
ambiente B. A conclusão foi a seguinte: No ambiente A, as respostas
compensatórias condicionadas amenizaram o efeito da droga e houve, então, a
tolerância. No ambiente B, ocorreu o contrário, isto é, não houve tolerância
aos efeitos da droga.
Fonte: Texto
Drug tolerance, drug addiction, and drug anticipation
Com o intuito de explicar
tal fenômeno, irei citar um exemplo. Imagine um determinado funcionário que, as
sextas e aos sábados, se encontre com um grupo de amigos na casa de um deles, e
faça uso de uma alta dose de drogas ilícitas. Seguramente, o ambiente no qual o
indivíduo está inserido, junto a outros fatores/estímulos condicionados são
responsáveis pela “boa” situação deste. Agora imagine que este mesmo rapaz seja
convidado para ir à igreja com sua família e, no meio da missa, sentindo
necessidade de consumir a mesma quantidade de droga antes consumida, vai para
um local isolado para assim fazer uso dela. Será que o efeito é o mesmo? Não! E é isso que tal modelo explica. O efeito
no local isolado não será o mesmo, será pior. Isso ocorre devido ao fato de que
o indivíduo não se encontrava no ambiente associado ao uso de drogas, onde não havia
pistas, como a presença dos amigos e outras. Tecnicamente falando, a falta de
estímulos condicionados resultou na maximização do efeito da droga, e
consequentemente, não houve a tolerância.
Tal fenômeno é importante para que haja uma melhor
compreensão sobre os outros temas abordados nas outras postagens. O contexto
como influência direta no comportamento do ser humano. Acredito que, de fato, o
ambiente, o contexto, experiências passadas, pensamentos, ideias e percepções
exercem tamanho impacto sobre as ações dos indivíduos. No que tange o texto,
tal estudo é utilizado, justamente, no tratamento do vício de drogas, isto é, a
própria mente humana junto aos fatores contextuais é utilizada para combater a
dependência. Isso comprova, mais uma vez, o poder da mente e a enorme influência
dos aspectos contextuais na vida do ser humano.
De fato, a nossa mente e o mundo que nos rodeia são
pontos intrigantes. Às vezes, é difícil refletir sobre isso. Mas considerando o
que foi apresentado, você acredita que é possível o ser humano ter total autocontrole
sobre si mesmo, e ignorar todos esses “estímulos”? Por exemplo: “Eu irei fazer
uso de drogas ilícitas em ambientes variados e não sentirei nada demais”. Será
que é possível? Se sim, seria isso uma “tremenda” evolução da espécie humana ou
seria algo “normal”? Deixe seu comentário!
Até a próxima postagem!
Data de postagem: 08/10/13
Referência: Siegel, S. (2005). Drug tolerance, drug addiction, and drug anticipation. Current
Directions in Psychological Science, 14, 296-300.


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