Olá
caros leitores,
Hoje o post vai falar sobre: dissonância
cognitiva. Não é um nome muito comum de se escutar, no entanto, é um tema que
diz muito sobre o comportamento incoerente nos seres humanos. Além disso, é um fenômeno que está presente
constantemente no nosso dia-a-dia e dificilmente percebemos.
Fonte: Google Images
De acordo com Festinger, em
seu livro “Teoria da Dissonância Cognitiva”, nós, seres humanos, tendemos construir um
estado de coerência entre nossos conhecimentos (sobre nós mesmos, sobre nosso
comportamento e sobre o meio que nos cerca) nossas atitudes, isto é,
transpassar para nossas ações comportamentais o que, de fato, achamos correto
ou não. Mais especificamente, Festinger propõe que a teoria da dissonância
cognitiva baseia-se na “existência de relações discordantes entre cognições” (Festinger, L; 1975). Para melhor compreensão,
consideremos um exemplo clássico: Nós, mulheres (pelo menos grande parte),
temos o constante anseio de emagrecer. No entanto, muitas de nós não se
conscientizam de que para isso deve ser feita uma reeducação alimentar e um
planejamento de exercícios e, portanto, continuam a comer e a não se exercitar.
A dissonância cognitiva explica tal “contradição”, ou seja, apesar das crenças
e opiniões acerca do corpo perfeito, as ações comportamentais de muitas
mulheres entram em conflito com tais julgamentos de valor. A mesma coisa
acontece com o cigarro. Apesar da noção de que é prejudicial à saúde, o consumo
verificado é cada vez maior. Outro ponto interessante é que, em muitos casos, a
dissonância tende a ser disfarçada através de “desculpas”.
No entanto, de acordo com a teoria, tal dissonância sofre pressões
constantes para ser reduzida e se alcançar um estado de consonância, da mesma
forma que a sede tende a ser reduzida pelo consumo da água. Portanto, há duas formas de se reduzir ou
eliminar completamente a incoerência entre cognições. A primeira consiste na
mudança de comportamental, isto é, a opinião sobre determinado tópico continua
a mesma, mas a resposta comportamental se adéqua a tal opinião. No caso dos
exemplos, as mulheres passariam a comer corretamente e a praticar exercícios,
enquanto que os fumantes deixariam de fumar. A segunda forma seria o contrário,
ou seja, a mudança é aplicada nos conhecimentos e crenças sobre o assunto
tratado em cada caso específico. Nessa segunda opção é fácil de enxergar o
probleminha das “desculpas”. Como assim? A partir do momento que as famosas
desculpas tomam conta do consciente do indivíduo, eles tendem a vê-las como
verdadeiras e, portanto, mudam sua opinião. No caso do cigarro, isso é bastante
perceptível. Imaginemos que o fumante cria tantas desculpas para o uso do
cigarro que passa a acreditar nelas e se convencer que, de fato, o consumo do
cigarro não traz malefícios e, portanto, entra em consonância.
Existem, ainda, muitas questões que envolvem a dissonância cognitiva,
como as causas e fatores específicos que envolvem a redução da mesma. No
entanto, concentrar-me-ei no que diz respeito ao geral da dissonância e como
isso afeta o comportamento humano.
Um ponto interessante de se inserir o tema da dissonância cognitiva é no
experimento de Milgram, assunto da primeira postagem. Será ela é a responsável
pelo comportamento estranho dos indivíduos que continuaram a dar choques? Acredito
que sim! Apesar de terem uma crença e um princípio de vida associado ao não
malefício a outrem, eles apresentaram um comportamento completamente dissonante
com o que acreditavam, portanto, não é possível tirar conclusões concretas
acerca da personalidade como causa direta de tal comportamento, visto que
existe o fenômeno da dissonância para explicar a incoerência entre as cognições
associadas à mente e as cognições comportamentais. Diante disso, acredito que,
o contexto e experiências passadas são dois grandes motivadores da existência
de tal fenômeno, pois são capazes de associar acontecimentos anteriores e
acontecimentos do momento e, através disso, modificar completamente um
pensamento anteriormente construído. É o caso das mulheres e dos fumantes. São
muitos fatores psicossociais envolvidos em tal processo.
Partindo de tal pressuposto, acredito que seja necessária, por nossa
parte, a tentativa de controle sobre nossos aspectos emocionais e
comportamentais, visto que são aspectos que influenciam demasiadamente nossa
inserção no contexto da sociedade e que são responsáveis por tais interações e
conflitos sociais. No meu ponto de vista, não existe uma regra em modificar nossa
cognição psicossocial ou nossa cognição comportamental, necessariamente. Na
realidade, tudo deve ser ajustado de acordo com o contexto em questão sempre ansiando
o nosso bem-estar.
E você? Acha que temos que mudar nossas crenças, nosso modo de agir ou
nenhuma das duas? Além disso, você acredita que a dissonância cognitiva diz,
implicitamente, que somos dois em um só? Reflita a respeito e deixe seu
comentário.
Abaixo segue um vídeo sobre a dissonância cognitiva de Leon Festinger. Vale a pena conferir para melhor compreensão do tema.
Fonte: Youtube
Até a próxima postagem!
“Ser ou não ser? Eis a questão!”
William Shakespeare
Data da postagem: 26/10/13
Referência: Festinger, L. (1975) Teoria da Dissonância Cognitiva, Rio de Janeiro: Zahar.

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