sexta-feira, 18 de outubro de 2013

O comportamento humano não caminha sozinho.

Olá caros leitores,
“Como conhecemos as pessoas com as quais interagimos?”, “Como influenciamos as pessoas ou somos influenciados por elas?”, “Atitudes sociais: nossos sentimentos pró e contra objetos sociais” e “Por que somos agressivos e quando ajudamos os outros?” são algumas perguntas que por vezes rondam nossos pensamentos e nos intrigam. Que tal entender um pouco o porquê de determinados comportamentos humanos e como nossa mente e o nosso redor os influenciam. 
            Tais questionamentos acima citados compilam os títulos dos capítulos do texto “Psicologia social para principiantes: estudo da interação humana” de Rodrigues, A. Tais capítulos refletem, basicamente, sobre comportamentos humanos, inéditos ou não, e que nos ajudam a ter maior conhecimento sobre ações que nós mesmos praticamos no dia-a-dia ou ações que frequentemente percebemos em outras pessoas.
            O capítulo 2 trata-se, basicamente, das interações e relações que ocorrem entre os seres humanos, e como agimos e pensamos sobre isso. O que nos vem à cabeça quando vemos um indivíduo totalmente distinto a nós, no que diz respeito à indumentária, ao cabelo, às ações? O que determinam tais pensamentos, sensações e “julgamentos”? De acordo com o texto, os indivíduos vivem em constante interação uns com os outros e, portanto, vivem em constante percepção social de comportamentos, gestos, ações, e etc. Isto é, as intenções dos outros que dizem muito a respeito destes. A partir disso, é comum que sejam feitas inferências, corretas ou não, sobre tais intenções, como estereótipos, preconceitos e atribuições. De fato, isso é comum a nossos ouvidos. Quando iniciamos uma interação ou relação, por mínima que seja, nosso instinto e mente se acendem e provocam inúmeros pensamentos e formações de juízos de valor sobre os outros indivíduos. Os estereótipos, como citado anteriormente, são teorias que formamos acerca de grupo, como por exemplo, nordestinos, punks e etc. O preconceito também se baseia na formação de teorias. No entanto, são teorias negativas, como preconceito com negros, baianos, judeus, e etc. E a atribuição consiste no processo de atribuir causas às ações dos outros.
            A atribuição é um processo interessante, visto que, em muitos os casos, atribuímos causas distintas entre nossas ações e as ações de outrem. Como assim? Quando cometemos um erro digno de vergonha ou arrependimento, atribuímos tal erro não à nossa culpa, mas sim a fatores externos. No entanto, quando tal atribuição é feita a outros, é normal a culpa seja atribuída à fatores internos da pessoa, isto é, ao intrínseco desta. Isso é explicado pela tendenciosidade auto-servirora, no qual temos a tendência que nos “auto protegermos”.
            É interessante perceber que inúmeros fatores cognitivos são responsáveis por nossas percepções do mundo e da sociedade. No entanto, por esse alto número de fatores, tendemos a cometer erros no que diz respeito ao julgamento que fazemos de outros indivíduos e de nós mesmos. Talvez isso explique o porquê de tantos conflitos existentes entre as pessoas desde a antiguidade até os dias de hoje.
            Outro aspecto de relevância percebido nas relações e interações humanas é a influência que um indivíduo tem sobre o outro; seja pai, mãe, professor, amigo. É perceptível que muitos comportamentos da sociedade são, de fato, guiados pelo poder de influência de outrem. Suponhamos um aluno exemplar que, influenciado por seus amigos, mata aula na escola, por mais que não tenha vontade e que nunca tenha passado por tal experiência antes. É claro que o comportamento do aluno foi totalmente induzido e modificado pelos colegas.
            De acordo com French e Raven, existem seis tipos de poder de influência altamente observáveis na sociedade. Poder de coerção (ameaças e punições); poder de recompensa; poder legítimo (o indivíduo que sofre a influência reconhece a legitimidade existente nas ordens); poder de conhecimento (confiança no conhecimento do dominador); poder de referência (referência positiva) e, por fim, o poder de informação (poder de convencimento com base na informação).
Com base em tais poderes, existem três formas de se executar o processo de persuasão.
1)      O princípio do contraste
2)      A regra da reciprocidade
3)      Comprovação social
O princípio do contraste baseia-se na capacidade do indivíduo em apresentar uma situação mais grave da cometida por ele, e depois expor a verdade, a fim de amenizar seu próprio erro. Suponhamos um exemplo de um jovem que chega a casa e diz que bateu o carro do pai e houve um grande estrago. Provavelmente, o pai irá ficar muito bravo. Após isso, o jovem explica que foi apenas um pequeno arranhão. Isso deixará o pai mais calmo, e, portanto, ele tenderá a pensar que o erro do filho foi mínimo, sem necessidade de punições.
A regra de reciprocidade diz que a influência ocorre quando passamos a ideia de necessidade de retribuição a outrem. Por exemplo, quando uma menina pede um vestido emprestado à irmã com a desculpa de que ela mesma já havia emprestado um sapato na noite anterior e que, portanto, a irmã tem a obrigação de emprestar-lhe o vestido também.
A comprovação social é baseada na pressão social que alguns indivíduos exercem sobre o outro, a partir do momento em que demonstram que existem outros indivíduos que concordam com ele, isto é, a “maioria” influencia a pessoa a agir de determinada forma. Aqui podemos incluir o exemplo do aluno que matou aula, anteriormente citado.
Atitude! Você tem?! A atitude é nada mais, nada menos que uma posição social (pró ou contra) que temos em relação a uma pessoa, a um acontecimento, a um sistema e etc. A atitude é um aspecto psicológico que também nos ajuda a explicar os inúmeros comportamentos humanos.  De acordo com Rodrigues, a existência da atitude é capaz de influenciar o modo que um indivíduo irá se comportar, visto que é distinta para todas. Isso acontece da seguinte forma: Primeiramente há o componente afetivo que ativa tal sentimento a favor ou contra determinado objeto social. Em seguida, ocorre a formação de pensamentos em relação ao objeto e, por fim, a resposta comportamental do indivíduo que é compatível ao sentimento inicial.

Para finalizar, o capítulo 8 de “Psicologia social para principiantes: estudo da interação humana” aborda uma questão interessantíssima. O que nos faz ser agressivos ou altruístas? Será uma má índole, nossa educação, nossa mente, nosso corpo ou nosso cérebro? Ou, simplesmente, nenhuma das outras opções? É com base nisso que iremos refletir!


O comportamento agressivo é resultado da intenção de ferir alguém. O que causa esse impulso? De acordo com o texto, existem inúmeras causas a serem atribuídas a tal fenômeno. Causas psicológicas, neurológicas, sociológicas, ambientais, etc., no qual estão inseridos métodos como a aprendizagem. Do meu ponto de vista, a agressividade, apesar de parecer o contrário, é um processo complexo no qual estão envolvidos muitos fatores de alta relevância. Primeiramente, como defendo há alguns posts, acredito que os fatores situacionais e experiências vividas pelo individuo possuem uma relação diretamente proporcional à agressividade, isto é, as condições psicológicas e ambientais propicias à agressividade, causam forte influência no desenvolvimento desta na pessoa. Além disso, a educação recebida é um fator que afeta na personalidade de todos nós e que, portanto, pode, também, propiciar o surgimento do comportamento agressivo. Imagine um garoto que sofre abuso físico de seu padrasto. Essa situação é demasiadamente chocante e forte para o menino, fato este que pode causar o desenvolvimento de tal comportamento agressivo, mesmo que o garoto não tenha intenções iniciais de causa mal a outrem. Neste exemplo, entra também a questão da aprendizagem, isto é, uma sucessão de ações agressivas contra o menino podem ser assimiladas e aprendidas. Por fim, acredito que o comportamento altruísta segue os mesmos princípios.
De fato, somos influenciados por muitos fatores que determinam nosso comportamento na sociedade independente da nossa vontade. E é a psicologia social que nos ajuda a entender melhor tais aspectos tão presentes em nossa vida. No entanto, acredito que a auto-reflexão é um processo de relevância, o qual devemos executar todos os dias, a fim de que possamos entender o que se passa conosco e, dessa forma, evitar algum conflito que venha a surgir nas interações com outros seres humanos.
Será que, de fato, somos capazes de parar e controlar nossos atos sem a influência sem a influência de fatores sociais e psicológicos? De que forma isso seria possível? E como utilizar isso para o bem e não para o mal? Pense a respeito e deixe seu comentário.

“Muitos comportamentos de ajuda podem ser aprendidos”
Rodrigues, A. (1992

Abaixo seguem dois vídeos que dizem respeito à capacidade de convencimento dos indivíduos, e outro sobre preconceito, esteriótipo e discriminação.

 
Fonte: Youtube

Postagem: 18/10/13

Referência: Rodrigues, A. (1992Psicologia social para principiantes: estudo da interação humanaRio de JaneiroVozes. 

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