sábado, 24 de agosto de 2013

Obediência ao mestre


Olá caros leitores,
Para a estreia do blog, trouxe-lhes um tema muito interessante de ser discutido: A obediência. Afinal... Quem nunca teve que obedecer aos pais, mestres ou talvez ao irmão mais velho? Pois é, acho que ninguém. E o que será que nos faz obedecer? É isso que iremos analisar!

                            

 Stanley Milgram foi um famoso estudioso da obediência, ou melhor... da desobediência. A priori, ele queria descobrir o que teria impulsionado os militares da Alemanha Nazista a obedecer às autoridades a ponto de torturar e matar pessoas.  E para isso, ele resolveu fazer um experimento envolvendo profissionais e pessoas comuns. Aconteceu da seguinte forma: Ele colocou um anúncio no jornal oferecendo alguns dólares como recompensa (Na época era um bom dinheiro!) a quem se propusesse a participar da experiência. Num primeiro momento, os participantes entravam de dois em dois no laboratório e sorteavam um papelzinho para serem “monitor” e “aluno”. O experimento baseava-se, basicamente, na aplicação de choques. (Como assim? Você deve estar pensando...). É o seguinte: O “monitor” tinha a função de dizer palavras que se relacionassem, por exemplo: Céu – Azul; Vento – Forte, a fim de que o “aluno” as memorizasse. Se o mesmo errasse as combinações, seria punido com choques de 15 a 450 volts, aplicados pelo próprio monitor. Á medida que o tempo e os erros fossem aumentando, a voltagem dos choques também crescia. E é aí que o imprevisível acontece! Por mais que o aluno gritasse de dor e suplicasse que parassem com a tortura, muitos participantes que exerciam o papel de monitor continuavam aplicando os choques pelo simples fato dos especialistas (os “jalecos brancos”) dizerem que era pra continuar. Segundo a pesquisa, e para surpresa de Milgram e minha, 65% das pessoas continuaram aplicando os choques a pessoas desconhecidas que não lhe haviam feito nada. Mas o que não se sabia é que o “aluno” era um ator e que os gritos de dor não passavam de uma mera encenação.
“E o Sr. Jaleco Branco balança a cabeça, você ouve os ossos estalarem no pescoço – clic-clic, não, não, continue, você toca seu próprio pescoço e está chocado, sem trocadilho intencional, você está chocado de sentir o quanto é escorregadia a umidade, do suor, e também quão estranhamente sem osso é; você aperta, mas não consegue encontrar nenhuma sustentação no seu pescoço”(Slater,2010)
O que será que incentivou os 65% a obedecerem o pesquisador e a continuarem a aplicação de choques extremamente fortes por mais que não tivessem motivo para fazê-lo? É justamente esse ponto abordado por Slater no texto “Mente e Cérebro”.  Para Milgram, psicólogo social, a principal explicação era a situação, isto é, o local em que se encontravam os participantes determinava tais comportamentos. No entanto, havia outras teorias que explicassem tal “anomalia”, era a validade externa ou mesmo a confiança que estes tinham nos pesquisadores. A validade externa defende, basicamente, que um comportamento observado no laboratório não necessariamente pode ser observado na vida real, e de acordo com Slater
Uma situação destituída de qualquer realismo mundano, ou seja, que em nada lembra os conflitos da vida real do drama humanos que ela retrata, são, de fato, irrelevantes ao mundo no qual vivemos.” (Slater, 2010)
Além disso, a autora, por outro lado, assume a existência de variáveis de personalidade associadas a cada situação (obediência ou desafio).
O meu pensamento segue a mesma linha de raciocínio de Stanley Milgram, isto é, a explicação plausível a tal fenômeno, no meu ponto de vista, é que a situação em que o indivíduo se encontra aliada a experiências passadas definem a forma que este irá se comportar e agir. Explicarei melhor com um exemplo. Consideremos um primeiro dia de aula em uma escola comum, a diretora entra na sala e exige silêncio. O que se espera que os alunos façam? E o que a maioria faz? Silêncio! Afinal, a situação, a figura de superioridade da diretora e momentos passados lhes instigam a isso. O que isso quer dizer? A situação na qual os alunos estão inseridos lhes provoca, de certa forma, uma pressão a se comportar de maneira correta. Nessa situação estão inseridos a figura impactante da diretora, o ambiente escolar com todos os alunos, ou pelo menos a maioria, obedecendo. Estes, segundo Milgram, são os obedientes. Por outro lado, aqueles mínimos alunos que não acatam as ordens, tanto por experiências pessoais passadas ou por instintos, são os conhecidos desafiadores.
Diante do texto, fiz-me um questionamento. Até que ponto esse fenômeno pode afetar nosso psicológico? Consideremos, por exemplo, um indivíduo de bom caráter, sem antecedentes rancorosos que submetido ao experimento continua as aplicações de choques. Acredito que a pressão e a carga emocional do momento provocam uma espécie de amnésia temporária de princípios e valores, o que, consequentemente, tornam possível o comportamento inesperado.
Agora... Façamos um simples exercício para tornar mais clara a questão abordada. Feche os olhos e se imagine dentro do laboratório. Ambiente sombrio, uma cadeira elétrica, gritos, pesquisadores, choques e vários “Continue, o experimento requer que você continue”, e a alavanca em sua mão. O que você faria? Difícil, não é?
 Para facilitar a imaginação, segue um vídeo da experiência feita recentemente. 
Fonte: Youtube 
            Nota: O vídeo está em inglês, mas as imagens ajudam a entender.

          E para finalizar, deixo-lhes um questionamento. Você acredita que, de fato, somos tão influenciados por fatores externos e internos a nós, a ponto de ferir ou até mesmo matar friamente pela simples obediência? Pense a respeito e deixe seu comentário.
Até a próxima postagem!

Data de Postagem: 24/08/13
Referência: Slater, L.(2004) mente e cérebro. Rio de Janeiro: Ediouro

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